Estamos literalmente a viver na era da comunicação, da informação e do conhecimento. A nível pessoal, temos atualmente uma panóplia de canais que nos alimentam a cada segundo com a informação que queremos consumir. Já não somos escravos ou dependentes da informação que no passado, os meios decidiam disponibilizar-nos, o que é uma grande vantagem.
Contudo, essa liberdade e autonomia tem de ser muito bem gerida, sob pena de entrarmos em processos viciosos e de dependência dessa mesma informação, bem como, em processos de ansiedade por sentirmos que não conseguimos chegar a toda a informação que hoje está disponível nas mais variadas plataformas.
Tal como na nossa vida pessoal, também existe um processo de transformação dentro das organizações. De empresas onde não existiam equipas de comunicação interna e onde o único meio de comunicação com os colaboradores era o jornal interno e eventualmente, uma reunião anual com a administração, passámos para uma realidade, onde surgem cada vez mais plataformas de comunicação, nomeadamente, o email, o vídeo, a revista e a TV interna, as apps internas, a intranet, as redes sociais das próprias organizações, canais no Teams, os podcasts, os vodcasts, entre outras.
Muito mais do que profissionais de comunicação
Esta corrida desenfreada pela implementação da última novidade em comunicação, exerce uma maior pressão no profissional de comunicação interna, que no seu papel de super-profissional, qual “canivete suíço”, onde lhe é exigido saber comunicar corretamente, com um excelente domínio da palavra e da escrita, organizar atividades e eventos, ser designer, fotógrafo, cameramen e editor de vídeo, e ainda early adopter das novas plataformas de comunicação, acaba por desviar-se, daquilo que é para mim, o mais importante:
proporcionar a informação que os colaboradores realmente precisam e promover uma comunicação empática que proporcione um sentimento de motivação, colaboração, felicidade e ligação à organização.
É importante ter presente que quantidade não é sinónimo de qualidade e que, muitas vezes o que é simples, é o mais eficaz. Por isso, é preciso parar e questionar.
E o que é que as pessoas realmente precisam?
Na minha perspetiva, o que as pessoas realmente precisam é de aprender a linguagem da empatia. Para isso, há várias competências que devem ser adquiridas, uma delas passa por aprender como funciona efetivamente o processo de linguagem que dá origem à forma como comunicamos connosco e com o outro.
Apesar de sabermos que a comunicação é crucial e determinante na criação dos relacionamentos dentro das organizações e que esses relacionamentos determinam o bem-estar e o sucesso das mesmas, existe ainda uma frágil consciência e perceção por parte dos responsáveis pela definição das competências estratégicas das organizações, de que esta competência deve ser trabalhada e solidificada em todos os colaboradores da empresa, mas sobretudo nos colaboradores que exercem funções de influência e de liderança de equipas.
As (novas) competências essenciais para o futuro da comunicação
Por isso, mais importante do que exercer uma função de “canivete suíço”, o profissional da comunicação interna das organizações deve influenciar no sentido de mostrar a importância do aprofundamento em áreas como, a Escuta Ativa, a Comunicação Não Violenta ou Comunicação Empática, a Inteligência Emocional, a Programação Neurolinguística, entre outras. Estes conhecimentos e competências dão lugar ao desenvolvimento de uma linguagem e consequentemente de uma comunicação onde existe uma maior empatia, parceria e cooperação.
Acredito que o mergulho nestas áreas de conhecimento, trará muitas tomadas de consciência e será através desta via, que os colaboradores perceberão e assumirão a sua total responsabilidade no bom funcionamento do processo de comunicação e tomarão consciência da importância que este tema tem, no sucesso dos relacionamentos dentro da organização.
Sobre a autora:
O meu nome é Annick. Nasci em Montréal, no Canadá e vim para Portugal com 10 anos. Sou formada em Relações Internacionais e trabalho há 21 anos na Bosch em Aveiro, onde sou responsável pela área da Comunicação Interna. Sou apaixonada pela área do desenvolvimento humano. Tenho formação em Coaching e PNL e trabalho como coach. O que me faz realmente feliz é ajudar as pessoas a serem mais felizes.
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