O novo paradigma trouxe desafios para todos. As empresas tiveram de se adaptar, repensar as suas formas de distribuição e modelos de negócio. Mas, acima de tudo, os seres humanos encontram-se numa situação atípica. Confinados às suas casas, que são agora o local de trabalho, de treino, de lazer, de descanso, surgem novas oportunidades para se reinventarem, para procurar o melhor lado deste cenário.
Há uns dias, enquanto assistia a um direto da Regina Santana e do Paulo Faustino, fiquei a pensar no que nos contavam perante o facto de todos passarmos mais tempo nas redes sociais, nos canais digitais. E, como tal, esta é uma altura para se apostar na criação de “autoridade de marca”. Há mais pessoas na esfera digital e este é o principal canal de comunicação para chegar ao nosso público-alvo.
E apesar de perceber essa evidência, é importante aferir que as marcas têm de repensar a forma como comunicam. A forma como criam conteúdos. A tipologia de conteúdos. A frequência com que partilham esses conteúdos com o mundo. E estas respostas estão naturalmente dependentes de cada negócio e dos seus objetivos. O importante é não ficar invisível.
Pelo que tenho observado e aplicado, envolver os colaboradores na comunicação das empresas é fundamental. Se antes já era, agora é indiscutível. As empresas têm de demonstrar que continuam a trabalhar a partir de casa e que estão prontas para ajudar os clientes.
Podem ser desafiados a criar pequenos vídeos que demonstrem as suas novas rotinas, a criar fotografias com os seus atuais locais de trabalho, a escrever artigos de opinião sobre as áreas em que trabalham. Há várias hipóteses… Nada como testar, perceber o que correu melhor e voltar a repetir, adotando uma nova perspetiva. Os colaboradores das empresas são os seus maiores embaixadores.
Desta forma, as empresas são transparentes, criam maiores laços de empatia e confiança, porque acabam por contar como é que a sua própria adaptação está a ser feita. Estamos todos no mesmo barco e a probabilidade de alguém se identificar com as histórias de cada empresa é muito grande.
A organização de webinars ou workshops ligados à demonstração de produtos é também uma possível linha de produção de conteúdos. Por um lado, podem ser criadas sessões dedicadas exclusivamente para clientes, de forma a que conheçam produtos/soluções e tirem todas as suas questões, a partir de uma abordagem mais pessoal. Por outro lado, as empresas podem convidar especialistas reconhecidos nas suas áreas de atuação para intervirem e debaterem tópicos sobre as suas realidades, potenciando a criação de uma comunidade fiel que que passa a acompanhá-las e que , indiretamente, lhes atribuem mais valor.
O vídeo é também fundamental. As empresas podem criar sessões de vídeo em direto todos os dias, todas as semanas, a cada quinze dias. Vídeos que explicam como é que se processa o processo de entrega das encomendas online. Vídeos que são compostos por testemunhos de clientes. Vídeos que dão a conhecer os colaboradores. Vídeos que contam as histórias dos produtos. Vídeos que contam a essência da empresa.
Esta é também uma boa altura para conjugar os mundos offline e online. Vemos muitos restaurantes que passaram a utilizar as redes sociais para anunciarem as suas ementas e a fazerem entregas nas casas dos clientes. Por que não oferecer um mimo ou uma surpresa? Se pensarmos em lojas online, as empresas podem seguir este raciocínio e entregar uma oferta aos clientes, que, simultaneamente, os faça sentir especiais e conduza a uma nova compra. Desafiem os clientes a partilhar os momentos de unboxing com a vossa hashtag (se ainda não têm, criem uma). Criem passatempos originais que permitam aos clientes criar conteúdos sobre a vossa empresa. Desafiem os clientes a falar sobre vocês. Procurem influenciadores que expressem os valores da vossa marca e enviem-lhes um dos vossos produtos. Uma surpresa é sempre bem-vinda.
E a solidariedade? Esta época apela naturalmente à entreajuda, ao apoio, ao sentido de comunidade. As empresas podem criar oportunidades de solidariedade através de sites, das redes sociais (com especial atenção para este exemplo da SuperBock), ou, simplesmente, divulgando as iniciativas dedicadas a ajudar os mais necessitados afetados pelo vírus (tech4covid19, SOS Vizinho, science4covid19, entre outras).
Sim, é uma fase nova. E é uma fase em que se deve arriscar na estratégia de comunicação. Mesmo que se trate da nossa marca pessoal. Porque é uma fase que veio para ficar.
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